Lago Baikal, Transiberiano

Em setembro de 2019, eu, Tassiana Rossignoli (consultora de vendas), e minha colega, Ana Luiza (departamento de operações), partimos em uma grande experiência a bordo do lendário trem Grande Expresso Transiberiano. A maior e mais famosa ferrovia do mundo, com quase dez mil km de extensão, atravessa 7 fusos horários, três países (Rússia, Mongólia e China) e dois continentes (Europa e Ásia). Construída ao longo de 25 anos, a Ferrovia Transiberiana foi uma das grandes obras de engenharia no século passado, e de  extrema importância para driblar as longas distâncias do território russo, o maior país do mundo.

Além das paisagens impressionantes, atravessar uma das regiões mais gélidas e inóspitas do planeta transforma essa viagem em uma verdadeira aventura! O percurso é, sem dúvida, a melhor maneira de experimentar a vastidão e a grandeza do interior pouco visitado da Rússia. De um total de 15 noites, 6 noites foram a bordo do trem, e as noites restantes em hotéis inclusos no roteiro. Um perfeito equilíbrio entre natureza (rios, florestas intermináveis, vastas estepes e maravilhas naturais) e cidade (monumentos, palácios e museus extraordinários). Abaixo o nosso relato de uma viagem inesquecível:

Chegamos em Pequim no dia 5 de setembro, mais animadas do que nunca!

Não foi necessário tirar nosso visto para a China, pois ficaríamos apenas 3 noites no destino. Ainda no aeroporto, nos dirigimos ao balcão de vistos temporários e solicitamos nossa permissão gratuita (válido para passageiros com permanência máxima de 72 horas em cidades pequenas ou 144 horas em cidades maiores). O processo todo durou cerca de quarenta minutos, tudo bem simples.

A milenar Pequim nos surpreendeu muito. Nos rendemos às cores e sabores dessa capital tão diversa! Explorar a Muralha da China, considerada a maior construção militar da história e Patrimônio da Humanidade, nos deixou sem fôlego! Vocês sabiam que a muralha tem mais de 21 mil km de extensão? A Cidade Proibida, o Palácio de Verão e o Templo do Céu nos renderam ótimas histórias e o delicioso pato laqueado, um dos pratos chineses mais típicos, foi aprovado por todos do grupo!

Cidade Proibida
Cidade Proibida
Cidade Proibida
Cidade Proibida
Praça da Paz Celestial
Praça da Paz Celestial
 Ana e Tassiana na Praça da Paz Celestial e pela cidade de Pequim
Ana e Tassiana na Praça da Paz Celestial e pela cidade de Pequim
Muralha da China
Muralha da China
Muralha da China
Muralha da China

Não foi fácil nos despedirmos da China, mas estávamos muito curiosas pelo que estava por vir. Era hora de conhecer a misteriosa e mística Mongólia! Chegamos em Ulan Bator, que carrega o título de cidade mais fria e poluída do mundo. No dia seguinte passamos o dia explorando o parque Terelj, localizado a 90 km da capital e apelidado de Suíça da Mongólia, devido aos campos verdes. A estrada para Terelj é muito bonita. Vimos muitos yaques, um animal parecido com um bisão. Tivemos a oportunidade de conhecer uma família de nômades dentro de sua iurta – habitação circular de apenas um cômodo, facilmente desmontável e cujas estruturas são cobertas por feltro ou lã, fornecendo boa proteção contra o calor e o frio. Além disso, assistimos à uma luta típica e à uma demonstração de arco e flecha. Um verdadeiro espetáculo!

Parte externa de uma iurta
Parte externa de uma iurta
Uma iurta  por dentro
Uma iurta por dentro
Criança mongol e demonstração de arco e flecha

No dia seguinte, nos aventuramos a conhecer o famoso Mosteiro Ghandan e o Palácio de Bogd Khan. A Praça central Sükhbaatar abriga estátuas de Damdin Sükhbaatar, líder político da Revolução da Mongólia de 1921, e de Genghis Khan,  guerreiro e imperador, responsável por erguer um dos maiores impérios de todos os tempos. Para fechar com chave de ouro, assistimos à um belíssimo desfile de trajes típicos mongóis.

Monumento Chinggis Khaan (Gengis Khan)
Vista da cidade Ulan Bator, na Mongólia

Com o fim do dia chegou um momento muito esperado: embarcar no trem Grande Expresso Transiberiano! Fomos recebidas com uma taça de espumante e lindos sorrisos de boas vindas de toda a tripulação do trem! Nossa cabine pertencia à categoria Silver, com chuveiro, lavabo e toilete privados. O trem possui vagões-restaurantes nos quais são servidos café da manhã, almoço e jantar como parte do serviço de pensão completa para todos os passageiros.

Parte externa do Transiberiano
Parte externa do Transiberiano
Transiberiano
À esquerda, recepção no embarque no trem e mesa posta para o café da manhã a bordo

Antes de chegarmos a Ulan Ude, primeira cidade russa a ser visitada, passamos pelas formalidades de imigração russas e mongóis. Ulan Ude é a capital da chamada “República Autônoma de Buriátia”. Visitamos um vilarejo ortodoxo conhecido como “Antigos Crentes” e fomos recebidos com festa em uma residência local buriata, grupo étnico marcado por uma mistura de culturas surpreendente.

Casa no vilarejo Ulan Ude
Casa no vilarejo Ulan Ude
Praça em  Ulan Ude
Praça em Ulan Ude

No dia seguinte chegamos em um dos pontos mais impressionantes da viagem: o Lago Baikal. Além de ser a maior reserva de água doce do mundo com 20% da água doce da superfície da Terra, o Lago Baikal é o mais antigo lago (25 milhões de anos) e tem a maior profundidade (1620 m). Ver esse lago de pertinho ou sentir suas águas geladas sob os pés (não iríamos perder essa oportunidade, né?) já seria incrível por si só. No entanto, ainda fomos surpreendidos por um piquenique em suas margens.

Transiberiano
Lago Baikal
Vilarejo às margens do lago
Vilarejo às margens do lago

No dia seguinte foi dia de explorar a belíssima cidade de Irkutsk, que já foi considerada a “Paris da Sibéria” graças à sua vida cheia de cores na época dos Czares. O ponto alto do dia foi assistir à um concerto clássico privado em um palacete histórico da cidade, regado à mais espumante! Várias pessoas tinham lágrimas nos olhos. Foi difícil segurar a emoção com tamanha beleza!

Irkutsk
Concerto clássico em Irkutsk

Krasnoiarsk e Novosibirsk são duas cidades siberianas onde foi possível aprender um pouco mais sobre a história da Rússia. Nos chamou muita atenção o museu ferroviário ao ar livre com seus vagões cheios de histórias da época da Segunda Guerra Mundial. Ambas foram restauradas após o período de Stalin e Lenin e ressurgiram fortes e imponentes, se desenvolvendo em ritmo acelerado.

Ficamos pouco tempo em Ecaterimburgo, cidade aos pés dos Montes Urais, mas o suficiente para nos apaixonar por essa bela cidade. Nos divertimos muito fotografando uma fronteira geológica que separa a cidade entre a Europa e a Ásia. Visitamos a belíssima Catedral do Sangue Derramado, construída no lugar onde o Czar Nicolau II e sua família foram executados pelos Bolcheviques, em 1918. E também Ganina Yama, cujas pequenas capelas de madeira foram erguidas em homenagem aos mesmos.

Catedral do Sangue Derramado
Família Romanov
Estátua da Família Romanov

Logo estávamos em Moscou e chegou o momento mais temido: dar adeus à nossa casa sobre trilhos. Quanto aprendizado, quantos momentos de alegria e descontração entre os integrantes do nosso grupo, composto por brasileiros, espanhóis e argentinos. Após as refeições costumávamos nos reunir no vagão lounge, para desfrutar da paisagem ouvindo o pianista tocar belas canções. Também no lounge os guias acompanhantes ofereciam palestras sobre a história, geografia, economia e a vida cotidiana das regiões visitadas.

Aula de russo no trem Transiberiano
Aula de russo dentro do trem

O desembarque foi uma festa! Partimos rumo à Moscou, que não decepcionou. Pelo contrário. Que cidade vibrante! O que é aquela Praça Vermelha? Linda de morrer! A Catedral de São Basílio é a cereja do bolo, com suas belas cúpulas coloridas. Visitamos o território externo do Kremlin e vários outros pontos turísticos da cidade. O metrô russo é um espetáculo à parte. Cada estação é ricamente decorada, lembrando até um palácio subterrâneo, e visitá-las é parte obrigatória de uma viagem à Moscou!

Catedral de São Basílio
Catedral de São Basílio
Praça Vermelha
Praça Vermelha

Voltamos para casa felizes da vida! O termo jornada épica fez muito sentido ao atravessarmos tantos fusos horários e passarmos por cidades tão cheias de vida! Nos impressionamos com a grandiosidade histórica e o esplendor arquitetônico desses três países visitados, tão cheios de tradições e contradições. Nosso muito obrigada por cada passeio, por tanta história e estórias, por termos encontrados pessoas tão fantásticas e destinos tão únicos. Sem dúvidas tivemos uma mistura perfeita de cultura, belezas naturais e hospitalidade.

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Temos uma sugestão de roteiro para o Grande Expresso Transiberiano no site, mas qualquer dúvida ou se quiserem mais detalhes, estamos à disposição!

Spasiba e um abraço!

Tassiana e Ana