Minha primeira visita ao Japão (sim, virão outras) foi para participar de um evento de turismo. Em seguida, fiz uma breve viagem pela Golden Route e abaixo conto as minhas primeiras impressões.
Assim como para muitos dos meus amigos, uma viagem para o Japão sempre foi um sonho que não havia parado para pensar e planejar. Quando surgiu a oportunidade de participar da Visit Japan Travel Mart à convite do órgão de turismo japonês, fiquei bastante animada.
Infelizmente, não consegui passar muito tempo em Tóquio (razão para voltar, certo?) e ao término do evento fiz o roteiro mais procurados pelos visitantes brasileiros: a Golden Route. O itinerário preferido de quem visita o país pela primeira vez passa por Hakone, Quioto e Osaka.
Primeiras impressões
Já na chegada ao aeroporto de Narita, o mais afastado de Tóquio, foi possível notar um nível de organização fora do comum. Se você pensa que a imigração norte-americana ou européia funciona bem, a do Japão te deixa estarrecido. Não apenas pela eficiência em todo o processo (não levei mais que 5 minutos), mas também pelo fato de pessoas de idade trabalharem na imigração.
Para ir do aeroporto até o hotel decidi usar um traslado chamado Limousine Bus, que conta com serviços levando à diversos hotéis, estações de trem ou regiões de Tóquio. Aqui, mais uma prova da eficiência e comprometimento japonês com o serviço prestado: pontualidade tanto na chegada quando saída dos ônibus.
O cumprimento japonês, com a inclinação da cabeça e/ou do tronco é repetido inúmeras vezes e pude ver nas mais diferentes ocasiões: entre colegas ou dignatários durante a feira, sempre que chegavam para uma reunião comigo, entre prestadores de serviço (trem, ônibus, mercado). Tudo é sempre muito respeitoso e, de certa forma, formal.
Algo que ficou bastante claro é que o japonês usa bastante o transporte público. Com uma malha extensa, que permite acesso aos mais diferentes pontos do país, embora voar seja uma opção, muitos preferem o trem devido a sua praticidade, pontualidade e, até certa forma, custo. Embora não tenha sido meu caso, para quem deseja explorar o país, comprar um ticket do Japan Railway é uma excelente opção. Dica: procure se familiarizar com as linhas de trem para facilitar quando chegar ao Japão. Tentar entender tudo quando já estiver na estação vai te tomar alguns minutos.
Embora a dificuldade na comunicação em inglês seja uma realidade, se você pede direções a um japonês, corre o sério risco que ele o leve até o trem que precisa pegar. Ou ainda de tê-lo acompanhando até o destino.
A Goulden Route
A famosa Golden Route que segue a rota da antiga estrada de Tokaido, indo de Tóquio a Quioto, passando por alguns dos locais mais famosos do Japão, incluindo o Monte Fuji e Hakone.
Saindo de Tóquio, a primeira parada foi no Fuji Bussharito Heiwa Park, em Shizuoka, um templo shintoista construído para pedir pela paz mundial. Em dias claros é possível avistar o Monte Fuji em toda sua glória, mas como o dia estava nublado não foi possível ver a montanha mais alta do Japão. O passeio de barco pelo Lago Kawaguchi leva até a Hakone, conhecida por seus resorts de águas termais quente (onsen), que atraem visitantes japoneses e internacionais devido à proximidade de Tóquio e o Monte Fuji.
Em Hakone, uma surpresa: visita à loja de um senhor que fabrica as incríveis Himitsu Bako, também conhecidas como Japanese Puzzle Box ou caixa segredo. Com opção das mais simples até super complicadas, a combinação de souvenir com quebra-cabeça a faz um presente único para trazer de persente.
A viagem de Hakone a Quioto foi em trem de alta velocidade, o Shinkansen. O som de um passando pela estação é de arrepiar. Dentro, assentos confortáveis com bastante espaço para as pernas, e muito silêncio. Apesar da velocidade de quase 300 km/h, foi uma das viagens de trem mais tranquilas que já fiz.
Em Kyoto, uma joia com construções tradicionais e sítios do Patrimônio Mundial da UNESCO, duas experiências: experimentar quimono e meditação no templo Zen Myoshinji.
Vestir o quimono é uma arte e embora algumas japonesas o façam sozinhas, são tantas camadas e dobras que faz a gente pensar ser impossível! É possível vestir o quimono e usá-lo durante o dia todo enquanto conhece os principais pontos de Kyoto (é possível ver várias japonesas andando pelas ruas em quimono) ou vesti-lo apenas para uma sessão de fotos. Qualquer que seja a opção escolhida, com certeza é bem bacana e diferente!
A aula de meditação no Templo Ryoanji foi um dos pontos altos da viagem. O monge, um pesquisador de tecnologias, mostra como empregar os ensinamentos zen no mundo corporativo, incluindo os benefícios de tomar o chá verde no lugar dos energéticos, que ficaram famosos entre executivos nos anos 2000. Para quem deseja uma imersão, é possível combinar acomodação e aulas no templo.
Outros pontos de interesse em Kyoto que visitamos: o Templo Kinkakuji, mais conhecido como Pavilhão Dourado; o Templo Ryoanji; o Bamboo Grove e a área de Gion, mundialmente conhecido pelas gueixas. As gueixas são cada vez mais raras e as remanescentes são tratadas como celebridades. Conseguimos ver uma saindo rapidamente para pegar um táxi e duas maikos (aprendizes) andando na rua.
A última parada na Golden Route foi Osaka e apesar do pouco tempo ali, foi o suficiente para causar uma boa impressão. A cidade, embora densamente povoada, tem um ambiente mais agradável que Tóquio. Cortada pelo rio Yodo, Osaka é uma cidade moderna e muito bem servida por um sistema ferroviário que permite acesso aos principais atrativos além de cidades próximas, como Nara e Kobe.
Como introdução ao itinerário mais procurado pelos brasileiros no Japão, a viagem foi ótima. Ficou um gostinho de quero mais para conhecer outros templos e experiências, como passeios ecológicos no Mount Fuji ou uma cerimônia do chá ou ainda conhecer os diversos outros patrimônios da Unesco. Mas isso será para uma próxima visita!
Dica: a florada das cerejeiras (sakura) é uma época linda para visitar o Japão, mas também a mais concorrida. As outras estações são igualmente encantadoras e o outono é ainda mais intrigante com a troca de cor das folhas das árvores em tons que não vemos no Brasil.
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