Combinar Uganda para ver os gorilas com praias em Zanzibar tem potencial para ser aquela viagem inesquecível. O Eduardo, cliente da agência Cia Eco, fez esta linda viagem e compartilhou suas experiências – e lindas fotos – que temos o prazer de dividir com você. Esperamos que você também se encante!
Com a palavra, o Eduardo.
“A viagem foi muito legal. Chegando a Entebbe já se tem uma bonita vista do lago Victória e, após os trâmites alfandegários, me encontrei com Sara e Herbert do receptivo local. Eles me aguardavam no desembarque para saírmos em direção a Kampala, onde iria me hospedar.
Ao amanhecer, partimos rumo ao Santuário de Rinocerontes de Ziwa. Os rinocerontes foram extintos de Uganda em 1985, mas este projeto vem trazendo espécimes de outros países e os reproduzindo com sucesso. Hoje já são 24 rinocerontes, alguns com filhotes nascidos lá mesmo. A caminhada em meio aos animais em estado selvagem é tranquila, apesar do forte calor. Nos aproximando bem dos animais é possível se tirar boas fotos. Depois seguimos para o parque Nacional de Murchison, passando pela linda estrada que corta a floresta de Budongo (a qual iriamos visitar posteriormente) até chegar à travessia do rio Nilo Azul. É impressionante a beleza do local onde já foi possível avistar antílopes, elefantes e hipopótamos.
Na manhã do dia seguinte fizemos um safári pelo lindo parque que possui paisagens deslumbrantes entre montanhas, lagos, pântanos e savana. Estava bem verde pois minha visita foi durante a estação das chuvas. Avistamos muitas girafas, elefantes, javalis, antílopes (kobos, waterbucks etc) e búfalos.
À tarde, após o almoço, partimos para um safári pelo rio Nilo até as cataratas de Murchison. Durante o trajeto vimos muitos animais, como hipopótamos, crocodilos do Nilo e muitos pássaros. Descemos do barco para fazer uma trilha pela mata, com uma vista incrível das quedas. É uma trilha de nível médio, mas o forte calor equatorial, com grande umidade no ar, torna tudo mais difícil e cansativo. O volume de água impressiona. Como estava na estação das chuvas havia uma queda secundária, mas normalmente toda a água do Nilo passa apenas por uma fenda de 6 metros de largura com uma violência incrível e despencando de 40 metros de altura.
Saímos de Murchison na manhã seguinte, com destino à Floresta de Budongo. O caminho é lindo. A floresta abriga mais de 200 chimpanzés, mas o seu avistamento não é garantido. A trilha é bem fácil, devendo-se apenas tomar cuidado com as famosas formigas assassinas africanas. Após uns 30 minutos de caminhada encontramos um grupo de chimpanzés no alto de uma figueira. Estavam a uns 30 metros de altura e não foi fácil de fotografá-los. Às vezes eles passavam ao nosso lado, como uma sombra negra, e desapareciam entre as folhas. Seus gritos pela floresta dão um ar assustador e ao mesmo tempo mágico. Nos fazia imaginar como teria sido para os antigos exploradores quando entravam na floresta, ouviam os gritos e viam apenas sombras negras se movimentando entre as folhas. Avistamos também alguns babuínos, conhecidos pelos seus maus hábitos de roubarem tudo o que for possível em busca de alimentos.
Em Holma fizemos um tour pela vila, conhecendo onde moram os reis e andando pelas ruas para conhecer os hábitos da população e os seus mercados. Realmente é uma experiência pitoresca. Nesta região de Uganda o turismo não é tão difundido e pessoas de outros países andando pelas ruas não é algo normal. Conforme andávamos, as crianças gritavam “Wamzungu” (os Brancos), acenavam e vinham nos tocar. Os adultos nos fitavam meio desconfiados, alguns perplexos, outros felizes vinham nos comprimentar ou acenavam e sorriam. É difícil de descrever; um contato com um mundo tão diferente que nos faz refletir sobre tudo.
Ao amanhecer, seguimos para o parque Queen Elizabeth. O parque é um dos maiores de Uganda, com muitos antílopes, alguns endêmicos da região, búfalos e pássaros. Pela grande extensão e comparado a outros parques africanos, não se avista um grande número de animais, mas é um lugar muito belo. À tarde foi feito cruzeiro pelo Canal Kazinga, seguindo até o lago Edward que faz divisa com o Congo. Ali é possível se avistar muitos animais e aves, sendo um passeio muito bonito.
No dia seguinte, seguimos para Bwindi para ver os gorilas, o ponto alto desta viagem. A paisagem cortando montanhas e plantações de chá é realmente linda. As crianças acenando e gritando para nós por toda estrada deixou tudo mais encantador. O clima instável em Bwindi deixa tudo ainda muito mais cinematográfico.
Bem, havia chegado o grande dia! Antes de o sol nascer, parti para minha primeira subida na montanha. O grupo escolhido foi o da família de gorilas Bitukura, que fica a uma altitude de 2340 metros nas montanhas. Este é o grupo mais novo, habituado a safáris de turistas. A caminhada, apesar do terreno acidentado, trilhas bem fechadas, difíceis e escorregadias com uma vegetação exuberante e as vezes intimidadora, foi bem tranquila. Após uns 20 minutos, encontramos os rastreadores e em pouco tempo já estávamos com os gorilas. Os encontramos em uma encosta bem inclinada, alguns filhotes e sua mãe nos observavam calmamente sob uma grande árvore. Após poucos minutos todos desceram para se alimentar ao nosso lado, como se não estivéssemos ali. Eles rolavam pela relva, se alimentavam, os filhotes brincavam enquanto os grandes machos (silverbacks) apenas observavam tudo calmamente. Este grupo possuía dois silverbacks e dois bebês encantadores. Tive muita sorte, pois o tempo ajudou, sem chuva e pouco tempo depois estava de volta ao lodge.
À tarde fui visitar o povoado Batwa (Pigmeus) que demonstraram um pouco de sua cultura em uma calorosa recepção, apesar da chuva torrencial que caia. Depois seguimos para o orfanato de Bwindi, onde as crianças nos fizeram uma apresentação.
No outro dia, enquanto meus colegas de viagem retornavam para Entebbe, me preparei para a minha próxima subida para ver outra família de gorilas. O local escolhido desta vez foi Mubare, que ficava bem próximo ao lodge. Como já havia sido alertado pelos meus colegas, tinha um caminho bem mais difícil, ficando a 2675 metros na montanha. Desta vez contratei um carregador, que realmente ajuda muito em todo o percurso. Logo no início a subida é bem difícil, com todo terreno bem escorregadio cortando uma floresta exuberante. Após cerca de uma hora já estávamos no topo, onde tivemos que aguardar até que os gorilas parassem de se mover e os rastreadores nos indicassem sua posição. Apesar do terreno bem íngreme, esta parte da floresta é habitada pelos perigosos elefantes da floresta, uma subespécie menor, mas muito agressiva. Às vezes eles utilizam as mesmas trilhas, adicionando à dificuldade.
A Floresta Impenetrável de Bwindi faz jus ao seu nome. Há momentos que parece que a gente não é bem vindo mesmo. São muitas dificuldades neste trekking: as pegadas dos elefantes criam buracos que se seu pé cair lá fica difícil de tirá-los porque eles o sugam para dentro; a vegetação é muito fechada e sempre se tem que olhar onde pisa por causa das colunas com milhões de formigas que atravessam a trilha; muita lama, pedras e subindo e descendo por terrenos íngremes, mas pelo menos não estava chovendo… ainda. Após uns 40 minutos, encontramos os gorilas e como na subida anterior fiquei bem próximo tirando ótimas fotos enquanto eles se alimentavam calmamente. Mas a chuva chegou quando fomos até o grande silverback que espreitava tudo calmamente sentado ao lado de uma fêmea. Neste momento tive que guardar uma das câmeras, pois a chuva já estava forte e só era possível proteger uma delas.
Aguardamos por uns 30 minutos e como a chuva não parava, começamos o caminho de volta. Aquilo que era difícil ficou muito pior: uma chuva torrencial com granizo, transformou as trilhas em pesadelos cheios de lama, pedras e água. A decisão de contratar um carregador foi a mais correta. Jae me ajudou muito por todo caminho e com o transporte do equipamento. Sou muito grato a ela, que sempre me indicava onde pisar e me ajudava nos trechos mais difíceis. Após umas 6 horas e meia, sendo mais de 2 sob forte temporal, chegamos em total segurança. Mesmo com toda a dificuldade, eu recomendo. É uma experiência incrível. Minha calça impermeável e abrigo suportam até 5 litros de água por hora, mas ao final eu estava todo encharcado e com lama até os joelhos.
No outro dia peguei o avião e segui para Entebbe. Foi muito legal ver o vale do Rift Albertine de cima, com as montanhas Virunga, os parques e as florestas que havia visitado. Fiz uma parada ao lado do lago Victória e segui para Zanzivar no dia seguinte.
Zanzibar é realmente lindo. Um verdadeiro paraíso para descansar da minha jornada por Uganda. O Meliá tem tudo para fazer você relaxar e com uma vista incrível. O tour das especiarias foi bem divertido, fazendo a gente conhecer muitas das especiarias que fizeram os portugueses procurarem um novo caminho até as Índias, inclusive parando em Zanzibar.
O tour pela cidade de Pedra é imperdível. As ruas estreitas e meio decadentes contam uma história rica, mas com muito sofrimento também: foi um dos maiores portos de exportação de escravos do mundo. A casa onde morou Fredie Mercury e o também decadente Palácio onde o Sultão de Oma residia são outros atrativos da cidade.
Fui também até Prison Island, uma pequena ilha que abrigou um presídio e hoje existe um santuário para as tartarugas de Aldabra. É muito legal poder alimentá-las, sendo que são muito mansas e permitem até passar a mão sobre elas. Só recomendado cuidado com os dedos enquanto as alimenta.
E para finalizar, escolhi o passeio pela floresta de Jozani para ver os endêmicos red colobus monkey e blue monkeys.
As praias de Zanzibar são paradisíacas, com as águas mesclando do verde esmeralda ao azul turquesa. É um bom lugar para descansar após uma viagem com tantas aventuras. Mando agradecimentos especiais à toda equipe, ao Herbert e à Grace, aos meus guias e à Sara, que me recepcionou tão bem em Uganda.
Um abraço e até a próxima,
Eduardo”
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Muito obrigada pelo seu depoimento, Eduardo! Nos fez viajar contigo, contando uma história que nos faz querer participar.
Se você também se empolgou e quer ter uma experiência como a do Eduardo, confira uma sugestão de pacote para encontro com gorilas em Uganda e fale com o seu agente de viagem para personalizar seu roteiro.
Até a próxima!